Parecer Técnico sobre a aplicação da diretriz Use of lower-sodium salt substitutes da OMS (2025)
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Parecer Técnico sobre a aplicação da diretriz Use of lower-sodium salt substitutes da OMS (2025)

03 de Abril de 2025

Parecer Técnico sobre a aplicação da diretriz  Use of lower-sodium salt substitutes  da OMS (2025)
  1. Introdução 



O consumo excessivo de sódio está diretamente relacionado a diversos problemas de saúde, como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, insuficiência renal e osteoporose. No Brasil, a hipertensão é uma das principais causas de morbidade e mortalidade.1

O consumo médio de sódio pela população mundial supera as recomendações da OMS, que estipula um limite de 2.000 mg de sódio por dia, equivalente a cerca de 5 g de sal. 3 No Brasil, a ingestão média diária de sal é estimada em aproximadamente 9,3 g, quase o dobro do recomendado.1 Esse padrão de consumo excessivo está associado principalmente ao uso elevado de sal de cozinha e ao consumo de alimentos ultraprocessados, que contêm quantidades elevadas de sódio como conservante e realçador de sabor. Os alimentos ricos em sódio incluem o sal de mesa, embutidos (presunto, salsicha, salame, etc.), temperos industrializados, caldos concentrados, molhos prontos, salgadinhos de pacote, macarrão instantâneo e refeições congeladas. 4

Em 2025, a OMS publicou a diretriz “Use of Lower-Sodium Salt Substitutes”, na qual apresentou recomendações baseadas em evidências de certeza moderada a baixa para a substituição parcial do sódio na alimentação por alternativas substitutas do sal, com baixa quantidade de sódio, contendo potássio. O objetivo principal é reduzir a ingestão de sódio e, consequentemente, o risco de doenças associadas ao consumo excessivo de sódio. No entanto, sua implementação deve considerar o contexto populacional, nutricional e clínico para garantir segurança e viabilidade.  

2. Possíveis limitações para a prescrição de substitutos do sal com baixo teor de sódio contendo potássio por nutricionistas

2.1. Segurança alimentar e perfil populacional 

O consumo de substitutos do sal com baixo teor de sódio contendo potássio pode ser contraindicado para grupos específicos, como indivíduos com doença renal crônica, insuficiência cardíaca, hipertensão medicada com fármacos poupadores de potássio e outras condições que afetam o equilíbrio eletrolítico. O uso indiscriminado pode levar à hipercalemia, aumentando o risco de arritmias cardíacas e outras complicações.  

A recomendação deve ser adaptada conforme o perfil socioeconômico, nutricional e clínico do paciente, com acompanhamento individual ou coletivo.



2.2. Acessibilidade e viabilidade econômica 

Os substitutos de sal com baixo teor de sódio contendo potássio geralmente apresentam um custo superior ao do sal comum, o que pode limitar sua adoção por populações de baixa renda.  

Há necessidade de regulamentação e incentivo fiscal para ampliar a disponibilidade do produto no mercado a um preço acessível.  

2.3. Padrões culturais e sensorialidade

O sabor dos substitutos do sal com baixo teor de sódio com potássio pode não ser bem aceito pela população, levando a uma baixa adesão à recomendação, ou ao maior consumo deste produto para compensar a percepção do gosto salgado.

Em algumas culturas, o consumo de alimentos ricos em sódio está fortemente associado a hábitos alimentares tradicionais, tornando a substituição um desafio comportamental.  

2.4. Regulação e Educação Nutricional

No Brasil, não há regulamentação clara sobre a composição e rotulagem de alimentos/produtos, o que pode dificultar a orientação precisa pelos nutricionistas.  

Há necessidade de educação nutricional ampla para que os profissionais de saúde e a população compreendam os benefícios e riscos da substituição do sal.  

3. Conclusão:

A diretriz “Use of lower-sodium salt substitutes” da OMS (2025) reconhece as limitações citadas acima, entretanto deixa em aberto a adaptação destes substitutos de sal por governos e sistemas de saúde locais, por meio de políticas públicas.

Neste contexto, o CRN-3 e a APAN recomendam que os nutricionistas adotem uma abordagem criteriosa ao utilizar a diretriz "Use of lower-sodium salt substitutes” da OMS (2025), considerando:

  1. Avaliação individualizada: antes de recomendar substitutos do sal, realizar uma anamnese completa, verificando o histórico de saúde e possíveis restrições ao consumo de potássio;  

  2. Educação alimentar e nutricional: priorizar a redução global da ingestão de sódio por meio da diminuição do consumo de alimentos ultraprocessados, promovendo o uso de temperos naturais, como o sal de ervas, e o desenvolvimento de habilidades culinárias, considerando o Guia Alimentar para População Brasileira;

  3. Análise econômica e disponibilidade: considerar a viabilidade do acesso ao produto pela população-alvo e informar sobre alternativas seguras e acessíveis;

  4. Acompanhamento clínico: monitorar os níveis de potássio de pacientes que fazem uso prolongado desses produtos, especialmente aqueles em grupos de risco;

  5. Apoio à regulamentação: incentivar a criação de normativas específicas sobre composição, rotulagem e segurança dos substitutos do sal no Brasil.  

Referências:

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Policy brief : Redução do sódio em alimentos processados e ultraprocessados no Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.

  2. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Guideline: Use of Lower-Sodium Salt Substitutes. Geneve: WHO, 2025. 

  3. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Guideline: Sodium intake for adults and children. Geneve: WHO, 2012. 

  4. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a População Brasileira. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014.

 


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